O medo é uma sensação de auto-preservação, necessária a manutenção da vida , de certa forma do bem-estar também. Tentamos a todo custo evitar tal emoção , contudo ele está no nosso cotidiano. Seu uso social, basicamente pela política, é muito danoso, tendo desdobramentos infinitos.
Não muito tempo atrás uma atriz de renome nacional foi à TV aberta dizer que tinha medo da possibilidade de um candidato de esquerda ganhar as eleições e o Brasil se tornar uma Venezuela. Bem… A esquerda não ganhou o pleito, não viramos os EUA e temos uma das maiores crises sociais e econômicas nas mãos, com o pessoal que se dizia honesto no poder.
Michael Moore no seu célebre documentário “Tiros em Columbine” prova que a sociedade americana morre de medo do “outro” , do "alienígena estrangeiro” e uma possivel invasão do seu território, o que justificaria sua política de armas, o total acesso do cidadão a elas na maioria de seus estados, o que tristemente resultou no massacre na escola secundarista de Columbine.
Nessas duas primeiras décadas do século XXI o discurso do medo tem validado ações de retrocesso nas conquistas sociais. “ O medo do sistema previdenciário quebrar” , justificando a perda de direitos adquiridos pelo trabalhador. O “ medo do desemprego” justificando a destruição da CLT(Consolidação das Leis do Trabalho), que foi a maior conquista social do século XX no Brasil.
Em contrapartida a negação de realidades objetivas , como a pandemia do covid 19, sob o argumento de que se está espalhando o medo para sabotar o governo, é também um uso político inadequado do imaginário e inconsciente coletivo(Jung) do povo. O que tristemente ainda acontece recorrentemente e diariamente.
O uso e abuso do discurso do medo tem sido usado como “cortina de fumaça” para desviar do propósito final das elites mundiais, consolidar o “Consenso de Washington “. Conjunto de ações e medidas de cunho econômico liberal e conservador no sentido social, acordado entre as grandes potências, para conter o que nos anos de 1970/1980 foi considerado um “excesso de democracia e liberdade “ nas sociedades do então “primeiro mundo”.
Assim a “a politica do medo” e a “Necro Política “ vem sendo usadas para dobrar o ânimo e ímpeto do cidadão, lhe retirando a vontade de lutar e construir um futuro melhor.