10 junho 2008

Crônica 9: No Trensurb

Peguei o trem metropolitano de Porto alegre naquela manhã gélida, meu destino São Leopoldo, mais precisamente o congresso de História que se reliazava no campus da Unisinos. Ao contrario do que pensavam os cariocas meus conterrâneos, o povo gaúcho tinha toda brasilidade comum aos outros rincões do país, Porto Alegre era tão mestiça como qualquer capital desse Brasil; lembro do meu amigo Cláudio reclamando: - Onde estão as loiras! Adriano, gaúcho nativo, respondia enfaticamente: - Estão misturadas a multidão, como em qualquer lugar! Aqui é longe mas ainda é Brasil! Gargalhadas ecoavam no trem. Sentado a minha frente um senhor de cabelos grisalhos, vestia botas nativas, mas o casaco era esporte e o rosto se escondia parcialmente no cachecol, ele bem podia ser o avô de alguém. Então as perguntas vieram a minha mente, será que ele era dali? Será que ele já tinha andado o mundo? Será que escolheu viver ali, ou somente terminou ali? Depois de tantas indagações percebi que todas essas perguntas não eram, na verdade, endereçadas a ele, mas a mim mesmo. Depois de vagar por aí, viajando, voltando, trabalhando e viajando de novo, pergunto ao oráculo de Keruac, ao viajante por excelência, Sal Paradise. Abri o “On The Road”, como se fosse com o “I Ching”, mas este não responde por parábolas. Única coisa que ele te mostra é estrada, um trago, um beijo e mais estrada. As respostas são conclusões das entrelinhas, cada um formula as suas. Por enquanto continuo na estrada, no momento chegando em São Leopoldo.

Um comentário:

Adriano Comissoli disse...

Muito bonita esta crônica. Pensaste tudo isso no trensubr? Fico intrigado, eu tava lá e enm percebi.
Mas achei que ia ler mais sobre minha terra distante e peculiar. rsrsrs.

Gostei muito.